#Partiu Virada de Ano Romântica com Silva em "Júpiter"!

O capixaba Lúcio Silva de Souza, mais conhecido como Silva, divulgou de surpresa seu mais novo disco, Júpiter, e o lançou dias depois como presente de Natal adiantado para seus fãs. O sucessor de um dos melhores discos de 2014, Vista Pro Mar, registra uma era mais mesclada entre o pop e a MPB do cantor, e enfatiza seu lado romântico.

A viagem para outro planeta começa com Júpiter, uma faixa que ainda trás elementos do disco anterior, mas já abrindo as cortinas para o que o novo álbum propõe. Um bom epílogo e introdução. Na letra, a síntese de tudo o que o álbum diz:

Júpiter pode ser, começar de novo

Se por lá não houver esse mesmo povo que só quer controlar

O que a gente quer

E o que a gente só quer

É amar

Na sequência, Sufoco, uma representante do lado experimental de Silva, faz a trilha para um diálogo informal sobre relacionamentos conturbados e/ou demasiadamente exigentes, que te tira o ar e o espaço, como o próprio título sugere. A voz do cantor, nessa faixa, começa a se mostrar mais leve, sútil, quase suspirada; esta variação em seu timbre se correlaciona perfeitamente bem com o romantismo do disco, sendo um elemento simbólico dos meios de conquista e sedução:

Desapego, não desamor

Tem tanto jeito de cuidar de alguém

Se você sabe o que é amar

Nunca irá aprisionar ninguém

Eu Sempre Quis foi curiosamente escolhida como carro-chefe do álbum. "Curiosamente" porque sonora e liricamente é a menos chamativa e marcante entre as outras dez faixas. A própria faixa homônima ao disco poderia ter sido um melhor acerto em primeiro single. De todo modo, um aspecto certeiro nessa escolha é a pegada singelamente dançante e romântica que apresenta o Silva dessa nova era. Uma guitarra suave flerta com as batidas mais fortes nessa trilha para danças à dois com rostos colados...

Você e o seu olhar

Que me fez perder o rumo

Firmou, catequizou

Com seu beijo o meu futuro

Mas a dança explícita e mais sensualizada está mesmo em Feliz e Ponto. A chegada em Júpiter, personificação da felicidade e amor livre, leva o eunuco a passos discretos embalados pela poesia apaixonada advinda da paz e tranquilidade de amar sem culpa:

Deixa ser mais leve que você

Essa coisa que te faz flutuar

Deixa que te faça entender

Tanto, quanto

Já te fez sonhar sem perceber

Já te fez querer sem duvidar

Deixa esse amor cadenciar, manso

Outra surpresa estrutural na música desse outro planeta é Nas Horas. A voz rouca ecoada mantém a sensibilidade de dança no escuro com flashes que mostram o clima mas não revelam tudo sobre os sentimentos envolvidos. Mais uma marca de Silva no território do brasileiro romântico:

Vou repetindo nas horas

Essa canção, nosso mundo

Sem duvidar um segundo

Sem desafinar

Marina, uma versão da música de Dorival Caymmi, é a personagem usada para defender a beleza natural e sem disfarces ou truques. Além disso, o jogo de batidas e sintetizadores gera uma dança rítmica e melódica única, contrastante com as estrofes que soam quase como canções de ninar. Ponto pra Marina!

Marina, você já é bonita

Com o que Deus lhe deu

Me aborreci, me zanguei

Já não posso falar

E quando eu me zango Marina

Não sei perdoar

A expedição por Júpiter termina com Notícias, talvez a letra mais pessoal do cantor nesse álbum. Tom single, típico de fechamento de obra, dá destaque à desabafos e confissões libertárias com uma pétala em cada palavra cantada, como é de se esperar de Silva.

Como eu perdi tanto tempo

Perto de você que adora dizer não

Fala tanta merda

Tanto preconceito e contradição

Não vou dizer que é fácil
Sair dessa casa e desse sofá
Eu já perdi o medo

Vai ser bem bonito chegar lá

Nível de Órbita: 10.

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