sábado, 12 de setembro de 2015

Muse nos convida para a nova Nação Drone em "Drones"; Você aceita?


Os britânicos do Muse já são referência quando se trata de álbuns críticos e de riffs gritantes, e Drones apenas reconfirma o que eles já fazem de melhor.

Logo nos primeiros botões da central de controle da Nação Drone, uma bateria forte paralelamente acompanha a suavidade do canto ainda calmo de Matthew Bellamy em Dead Inside, acerto em cheio para a abertura de um disco que só cresce a cada faixa:

Você é livre para tocar o céu
Enquanto estou esmagado e pulverizado
Porque você precisa de controle
Agora eu sou aquele que está se libertando

Usando a mesma linha narrativa de The 2nd Law (2012), o álbum é crítico e usa um pano de fundo romântico que "eufemiza" temas mais densos, como a transformação dos corpos humanos em templos de almas mortas, tornando-se assim, inteiramente controláveis e manipulados; Nasce a Nação Drone, com a força dos gritos do Drill Sergeant que revelam a força e sujeira de um mundo metricamente organizado. 
Psycho, faixa seguinte, trás uma letra intensa e instrumental condizente com a força de um batalhão pronto para agir sem pensar, matar sem medir e servir à sujeira sem poupar esforços:

Sua mente é apenas um programa
E eu sou um vírus
Eu estou mudando a estação
Eu vou melhorar seus limiares
Eu vou te transformar em um super drone
E você vai matar ao meu comando
E eu não serei responsável

Outra referência ao disco anterior encontradas nos relatos digitais de nossos musos drones é a melodia e letra mais pop de Mercy, faixa que certamente agrada aos fãs de Madness (faixa do "The 2nd Law"). Uma pegada rock progressivo com um toque mais sentimental são os elementos chaves dessa faixa:

Misericórdia
Me mostre misericórdia, desses poderes que existem
Me mostre misericórdia, alguém pode me resgatar?
Me mostre misericórdia

Mas Reapers colocam os psicóticos drones em ação novamente. Numa guerra civil digitalizada, as armas são vírus e, quem não se converte à nova era, está morto. É uma ordem, é uma lei, e a intensidade de vozes distorcidas na faixa ordenam bem isso:

Guerra
A guerra acabou de se modernizar
Eu acho que não consigo lidar com a verdade
Eu sou apenas um peão
E todos nós somos dispensáveis
Incidentalmente
Eletronicamente apagados
Pelos seus...

...Drones!

The Handler trata de nossa dronagem principal como uma consciência que renasce das cinzas do hardware em decomposição tóxica. Com uma trilha narrativa que lembra o personagem principal da obra de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, riffs tão marcantes e mais efeitos tecnológicos começam a mudar os rumos da nova nação e leva o disco aos primeiros passos do que o consagra como mais um dos maiores álbuns do ano:

Eu não deixarei você controlar meus sentimentos
E eu não vou mais fazer o que me mandam
Eu não tenho mais medo de andar sozinho
Me deixe ir
Me deixe ser

Em Defector nossas suspeitas da órbita vigilante se confirmam; A dronagem se desconectou e, offline, torna-se problema para a manipulação da nova nação. Destaque supremo ao solo do meio da música, mais uma consagração sonora ao lado instrumentista de Matthew Bellamy:

Livre
Sim, estou livre
Das suas incitações
A sua lavagem cerebral não funciona mais em mim
Agora, você tem um problema

Talvez a faixa seguinte seja um pedido pessoal da banda... Talvez seja apenas um complemento ao cenário romântico criado para a ambientação do tema mas, independente do que seja, Revolt é, nua e cruamente, uma súplica à libertação do sistema opressor e da condição de servo leal à tecnologia e guerra digital. A segunda faixa com mais referências pop e refrão mais marcante trás um sutil descanso antes do gran finale:

Eu posso sentir sua dor
Eu posso sentir sua confusão
Eu posso ver que você está preso em um labirinto
Vamos encontrar uma maneira de escapar

No meio da energia sem fim de todo o álbum, fica difícil eleger uma faixa como melhor ou mais impactante, mas não há como negar que Aftermath carrega, em cada verso, em cada nota, do início ao fim, uma carga emocional que transcende a reflexão externa sobre alienação e leva o ouvinte à um encontro pessoal consigo mesmo:

Estados estão desmoronando e as paredes estão se erguendo novamente
Não é lugar para os fracos de coração
Mas meu coração é forte, porque agora eu sei onde eu pertenço
Somos você e eu contra o mundo
Nós somos livres

Se essas palavras nada significam para você, saiba que é um forte candidato à Nação Drone.

The Globalist, penúltimo e-mail drone encontrado pelos nossos musos antropólogos é mais uma grande canção, e isso torna-se um adjetivo ainda mais real se levado à sua duração: 10:07. Faixas grandes em bandas populares são raridades hoje em dia, e essa ousadia deve ser considerada também.
Com uma marchinha subliminar acompanhada da guitarra melancólica, a faixa abre as portas para mais uma letra que pode e deve ser muito mais do que apenas apreciada; deve ser refletida:

Você nunca foi amado de verdade
Você só foi traído
Você nunca foi realmente cuidado
Pelas igrejas do estado
Você foi deixado desprotegido
Nessas terras selvagens e frágeis

E não se engane com sua primeira metade tranquila; A força total fica evidente em sua passagem para a segunda parte regida por um piano solo tão eruditamente contemporâneo, como nossos musos drones bem sabem fazer:

Drones, faixa-título e última do disco, parece ser uma tentativa de contrariedade a tudo que se faz e idolatra atualmente. Com uma irônica espécie de canto gregoriano, a voz de Matthew se divide em diferentes linhas melódicas para dar o toque final aos registros encontrados:

Morto por drones
Minha mãe, meu pai
Minha irmã e meu irmão
Meu filho e minha filha


Nível de órbita: 10.


Quer se aliar ou se defender dessa nova geração? Ouça aqui.

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