sexta-feira, 10 de julho de 2015

Tiago Iorc e suas críticas com rosas em "Troco Likes"


E aê, curtiu?


Depois do mais do que rentável Zeski (2013), Tiago Iorc desiste das férias antes anunciadas e lança, como surpresa para os fãs, o positivo Troco Likes.

Logo de primeira, uma novidade: o disco começa com uma faixa em português e segue nessa linguagem por todas as demais, abrindo exceção na faixa bônus. Essa coragem em caminhar por uma trilha de composição diferente da qual estava acostumado, já nos leva a dar alguns likes para o disco, principalmente ao observar que o cara anda cada vez mais investindo em seu público brasileiro. E seguimos rolando a "timeline" do disco.

Alexandria, essa primeira faixa do disco, é uma das poucas (sim, não são a maioria) que relatam cruamente a ideia do título do disco, como uma crítica e observação à nova era das relações virtuais e como elas se sustentam e substituem as anteriores. Na faixa, versos simples, somados a acordes mais rudes no típico violão de suas canções, demonstram a visão de Tiago, que pode ser relacionada ao seu "BUM!" em 2014, que deu a ele uma conexão forte com seus fãs através de redes como Facebook e Instagram:

Gente demais,
Tempo demais,
Falando demais,
Alto demais.
Vamos atrás
de um pouco de paz.

A gente queima todo dia,
Mil bibliotecas de Alexandria,
A gente teima, antes, temia,
Já não sabe o que sabia.

À toda essa gente que lhe dá mil likes todos os dias, ainda que queimem as bibliotecas de Alexandria, muito amor é o que Iorc oferece em gratidão, e essa gratidão começa já na faixa seguinte, Amei Te Ver:

Ah, quase ninguém vê,
Quanto mais o tempo passa, mais aumenta a graça em te ver.

Ah, e sai sem eu dizer,Tem mais do que te mostro, não escondo o quanto gosto de você.

Todo carinho continua a ser doado nas faixas seguintes, com ênfase para Coisa Linda, faixa em que o autor soube bem usar um bordão advindo de seus shows e relação com o público ao vivo:

Coisa linda,
Vou pra onde você está,
Não precisa nem chamar.

Bossa mescla o lado romântico ao crítico do disco, e cria assim uma nova atmosfera em sua sonoridade. Com uma harmonia mais dinâmica, presença mais forte da bateria, e a participação especial do piano e de seu primo, o sintetizador, a faixa defende a individualidade de cada um:

Eu digo:
"Hey, você que sabe tudo, me diga como perguntar,
Se eu não sei, você que pensa em tudo, me mostre o quanto pode amar".

Ainda assim, a maior novidade sonora e também poética está em Liberdade ou Solidão, reflexiva, questionadora e otimista, acompanhada das cordas eruditas e melodia mais introspectiva, volta ao tema da individualidade, o que nos permite concluir que, nessa era da troca dos likes, a liberdade de ser o que se quer é, muitas vezes, motivo para solidão:


Livre é o que ela mais queria ser,
Livre, pra ir e vir e ser o que quiser,
Quando quiser e se quiser,
Mas só o tempo só, pra descobrir se a liberdade é só solidão.

Pra fechar a contagem dos likes no disco, só o que falta é Sol Que Faltava, penúltima faixa do disco que, com simplicidade, fecha as críticas à era da exibição integral nas redes sociais, com boa poesia e versos baixados direto do coração, coisa linda e rara de se ver hoje em dia, inclusive na música:

Quando foi, quando foi a última vez que você saiu sem ninguém notar,
Sem ninguém te reparar?
Onde foi, onde foi a última vez,
Que você se deixou livre sem se retocar,
Sem se "instagranear"?


Nível de órbita: 8,0.

Quer dar um like? Então ouça o disco aqui! : - )

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