Capa do álbum "How Big, How Blue, How Beautiful"
Florence Welch,
seguida pelos seus discípulos da The Machine apresentam, após a iniciação
cerimonial em Ceremonials (2011), o
paraíso espetacular de How Big, How
Blue, How Beautiful.
Já de início o disco
mostra sua proposta mais empolgante e viva, em comparação com os anteriores,
com a faixa de abertura (e terceiro single), Ship To Wreck. Com um som mais orgânico e mais próximo da fórmula pop indie, a faixa inicia uma jornada
nos questionamentos e análises de si mesmo ao observar o outro:
Meu amor, me lembre, o que foi mesmo que eu disse?
Eu bebi demais?
Estou perdendo contato?
Eu construí esse barco para ele naufragar?
Eu bebi demais?
Estou perdendo contato?
Eu construí esse barco para ele naufragar?
E com uma melancolia
empolgante a faixa dá uma pequena amostra do que o novo disco propõe, desta vez
recheado de metais, mas sem esquecer seus coros e sonoridade cósmica.
What Kind of Man, com uma pegada mais rock/blues (forte marca da
banda) grita aos quatro ventos uma ode ao amor doído e, ao mesmo tempo,
fortemente desejado
E com um beijo
Você acendeu um faísca de devoção que durou 20 anos
Que tipo de homem ama assim?
Você acendeu um faísca de devoção que durou 20 anos
Que tipo de homem ama assim?
Além da emoção
lírica, a faixa ainda apresenta de vez a introdução dos metais no som da banda
e começa a dar sinais de um arranjo de glória e ascensão ao céu, mais
perceptiva ainda na faixa seguinte.
How Big, How Blue, How Beautiful, faixa-título, começa suave e
gradualmente ganha força, com a sensação de guerra vencida, narra a vitória
mesmo entre o desespero e a visão embaraçada da situação:
Nós abrimos nossos olhos e a visão está mudando
Oh, o que vamos fazer?
Nós abrimos a porta, agora está tudo vindo através dela
Como é grande, como é azul, como é bonito
Oh, o que vamos fazer?
Nós abrimos a porta, agora está tudo vindo através dela
Como é grande, como é azul, como é bonito
O vislumbre com a visão celestial leva os discípulos da The Machine a uma nova cerimônia, desta vez não de esperança, mas de realização. O disco segue com nuances de memórias e vivências, como em Queens of Peace:
Oh, o rei
Ficou louco de tanto sofrer
Gritou por alívio
Alguém o cure de sua dor
Ficou louco de tanto sofrer
Gritou por alívio
Alguém o cure de sua dor
Memórias de um líder
em luta consigo mesmo e com seu povo, cego pela dor, mas ainda em atividade
pelo feixe de esperança que carrega. A faixa trás de volta o emocionante
violino da banda, cercado pela nova sonoridade celestial e uma forte percussão
de acompanhamento por toda a canção.
Tempos depois da
vibração da nova era de paz celestial, a banda chega ao ápice do louvor com Third Eye, outra faixa que merece
destaque pela sua força lírica, instrumental e humana:
Ei, olhe para cima
Você não tem que ser um fantasma
Aqui entre os vivos
Você é carne e sangue
E você merece ser amado
E você merece o que lhe é dado
E oh, quanto!
Você não tem que ser um fantasma
Aqui entre os vivos
Você é carne e sangue
E você merece ser amado
E você merece o que lhe é dado
E oh, quanto!
Em voz forte e alta,
rodeada por um coro melódico e toda a banda em constante crescimento
instrumental, a música é o ponto épico do disco, verdadeira trilha sonora para
a ascensão dos vitoriosos.
Uma lembrança mais
sombria e maternal é expressa em Mother,
penúltima faixa do disco, ainda mais rock do que as demais, com a presença de
guitarras mais marcantes e uma conversa entre o eu lírico, Deus e a mãe:
Mãe, faça-me
Faça-me uma grande nuvem cinza
Então poderei chover em você coisas que eu não posso dizer em voz alta
Faça-me uma grande nuvem cinza
Então poderei chover em você coisas que eu não posso dizer em voz alta
A faixa encerra-se
com gosto de quero mais em um coro crescente de dor e desabafo. As angústias e
sensações presas e reprimidas são todas libertas através da voz.
Ainda com algumas
bônus track, o disco leva o ouvinte a uma outra dimensão, anos-luz acima de
nós, numa tentativa bem sucedida de tocar e dar voz ao espírito, sempre com
metáforas sentimentais do carnal e psíquico, marca de escrita de muita
admiração de Welch. Sem dúvidas, uma obra prima e já um dos melhores álbuns de
2015, com sua força de libertação e vitória. Uma ascensão da música aos céus.
Nível de órbita: 10.
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