domingo, 4 de outubro de 2015

Edu Sereno relata o sabor urbano do "Pão Que O Diabo Ama Sou"



Natural da agitada Zona Leste de São Paulo, Edu Sereno consegue, através de sua música, fazer jus ao seu sobrenome; Produzir um som de calmaria e desprendimento, criando uma atmosfera serena a quem o ouvir.

O Orbis ouviu o primeiro álbum do cantor, O Pão Que O Diabo Ama Sou, na íntegra antes de seu lançamento! E para aguçar sua curiosidade e convencer-te a presenciar o show de lançamento do próximo dia 12 de Outubro – feriado nacional – às 18h00 no Sesc Ipiranga, preparamos uma análise de mais uma revelação de nossa música brasileira.

O álbum começa com a animada e despojada – característica que parece comum a Edu – Mantra, com referências da reggae music, sua voz sorridente dá voz às palavras sutis que retratam pequenos detalhes da vida urbana:

Quatro anos para graduar,
Em cinco minutos, jogar pro ar,
Um instante para se benzer,
E um piscar de olhos pra recordar.

Agenda, faixa seguinte, mantém a linha calma e levemente empolgante em seu instrumental. Uma levada simples ao violão remete a um luau e roda de amigos fazendo um som. Um convite a sair da rotina urbana é o que, mais uma vez com sorriso, Edu Sereno canta:

Vamos fingir que é domingo em plena quinta-feira
Depois profanar esse teu jeito de freira.
Uma estrela do mar acorrentada na areia;
Eu vim pra te salvar, eu sou a maré cheia.

Um pouco mais intimista é a introdução de Cê Vai Lembrar. Mesmo caminhando por outra expressão sonora através de um violão mais grave e rítmica mais rock, diferente das outras faixas, a parte lírica mantém palavras serenas, entretanto, com um pouco mais de firmeza e imposição. Um momento mais íntimo e, certamente, outra faceta do artista:

Cê vai lembrar
De um presente que eu te dei
Cê vai lembrar
Daquele escorregão



Como era de se esperar, um álbum com título forte como este não poderia ficar num tom celestial permanente, e a suspeita se confirma a partir de Viaduto do Chá. Começam oficialmente as observações frias, nuas e cruas das mazelas urbanas das grandes metrópoles, como São Paulo, cidade natal de Edu.
Guitarra mais melancólica e tambor em destaque na bateria, com um vocabulário coloquial que figura bem a realidade das grandes avenidas e marginais, dão vez ao conto sombrio de um dos pontos principais dos paulistas. Destaque para o solo de guitarra ao final:

Pra você que pensa que eu sou bom moço
Educado, vacinado, de boa família
Com satisfações a dar
De gravata pela rua, corda no pescoço,
Coagido nesse estado de lobotomia.

Ninguém Tá Ligado é a faixa mais dúbia do álbum; Cheia de metáforas, sua letra abre portas para diferentes interpretações, uma delas – e nossa preferida – é a do relato das sensações causadas pela cidade e as formas de escape de seu caos, como o uso de ervas e outras substâncias naturais. Uma reflexão forte e ousada, principalmente para um artista que está começando a despontar no cenário musical; A arte é, como pouco se vê, usada como transmissora de ideias, questionadora e formadora de opinião:

E se for um conselho que for dessa flor,
Traga um, pra tragar nós dois.

Mais uma vez com referências rock, a penúltima faixa segue o sombreado de Viaduto do Chá, e faz retratos nus da violência e insegurança do urbanismo:

Pra quem toma de assalto
Não existe contramão
Nem pra quem sabe chegar
E sair.

Após as pisadas fortes do diabo no pão que ama sou, Edu Sereno encerra seu primeiro álbum com o que tem de melhor: Palavras sutis para descrever a falta de sutileza do mundo. Perdidos só nos instiga ainda mais a querer descobrir as outras facetas do artista e acompanhar, recebendo boa música em troca, seu desenvolvimento musical e humano:

Perdidos
Em seus apartamentos
Janelas solitárias
Refletem ao relento.


Nível de Órbita: 10.

Quer um pedacinho desse pão bem energizado?
Então guarde data e ingressos do show de lançamento do álbum de Edu Sereno, e permita-se entrar na onda dessa nova proposta ao vivo!

SESC Ipiranga
12 de Outubro, às 18h00.

Ingressos:
Inteira - R$ 20,00/Meia - R$ 10,00/Comerciário - R$ 6,00.

Endereço:
Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga– SP.
Acesso para deficientes.
Teatro (200 lugares) – Livre.

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